sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Decisões, decisões

Decisões exaustivas

A roupa da festa, o filme no cinema, o prato do almoço... Quantas escolhas a gente faz por dia? Nem dá para saber.

Por Adriana Toledo

No fim das contas, esse número infindável de resoluções cotidianas pode provocar uma baita fadiga mental, abrindo alas para lapsos e afins. É o que revela um estudo publicado pela Associação Psicológica Americana. Indivíduos impelidos a tomar uma decisão, mesmo que agradável, logo depois se saíram mal em testes de matemática, mostrou a pesquisa. Fazer muitas escolhas pode ser prejudicial. Isso porque elas atrapalham a capacidade de organização das idéias, explica Kathleen Vohs, autora do trabalho. Assim, sempre que houver algo importante para resolver, evite se desgastar com dúvidas irrelevantes, aconselha. E deixe que alguém de confi ança se encarregue das questões menores.

(Publicado em http://saude.abril.com.br)


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Fim de ano

No ano que vem


No ano que vem

vou fazer um check-up,

reformar os meus ternos,

vou trocar os meus móveis

viajar no inverno.

Como convém.


No ano que vem

vou tratar dos meus dentes,

vou limpar o porão

procurar novo emprego

e trocar o meu carro

e largar o cigarro.

Como convém.


E vou me converter

no ano que vem

registrar a escritura,

vou pagar a promessa

e andar mais depressa

e fazer um regime

neste ano que vem.

Como convém.


No ano que vem

vou pagar minhas dívidas,

apagar minhas dúvidas,

viajar para a França,

estudar esperanto

e escrever pra você.

Como convém.


Se não der, no entanto,

neste ano que vem,

vou deixar de cobrança

do que fiz ou não fiz.

Neste ano que vem,

quero, como convém,

ser, apenas, feliz.


(Sérgio Antunes, poeta e escritor; www.sergioantunes.art.br)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Frases de algum lugar

"Um desejo: Ter equilíbrio emocional para ter bons pensamentos que se transformarão em ótimos sentimentos que se materializarão em excelentes atitudes." (Desconheço o autor)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

História nada demais. Ainda assim, uma história

Dia desses estava voltando da aula, era por volta das 23:10. A caminho da aula o ponteiro da gasolina já não mais se levantava do seu apoio de "fim do tanque", mas o tempo era o curto, o trânsito era grande e eu resolvi confiar no computador de bordo que dizia que eu ainda conseguiria andar 4 Km. Eu estava perto do curso, tudo bem, resolvo na volta.

Na saída, a ausência de combustível, somada à falta de bateria no celular, me fizeram sair desesperadamente atrás de um posto de gasolina. Fui descendo as ruas na banguela e torcendo pra eu conseguir chegar. De repente parei numa rua onde havia um posto de gasolina à esquerda e outro à direita. Uni-duni-tê, acho que o da direita está mais perto, virei e parei. Parei e percebi que o lugar onde eu tinha parado me fazia descer do carro no meio da pista e, consequentemente, na chuva. Posto estranho... Era um BR, parecia normal.

Enquanto eu esperava o frentista terminar de atender o carro que usava a mesma bomba que eu precisava (são poucas as que abastecem com álcool), fiquei ouvindo música, de vidro meio-baixo. Vejo uma figura se aproximando e ele me diz com o melhor sotaque de estrangeiro "Você tem uma chave de roda pra me emprestar? Meu pneu baixou, eu achei que tinha no meu carro, mas não encontro. É só pra eu poder trocar".

Mulher e carro. "Chave de roda? Devo ter (nunca usei nada do meu carro). Vamos olhar". Abri o porta-malas cheio de papéis, recolhi todos eles (um tanto quanto sem graça) e levantei o tapete que cobria o estepe. Depois de 3 segundos de small talk, descobri que ele era alemão e morava há muito tempo no Brasil. Ele levou a chave.

O frentista abasteceu meu carro, paguei em cartão de crédito. Terminei e o gringo ainda estava lutando com seu pneu. Estacionei perto de onde ele e outro frentista estavam e aguardei de vidro fechado, a chuva caindo. Quando ele veio me devolver a chave de roda, havia tanta gratidão nos olhos, nas palavras. Guardei a chave e me despedi dizendo que não era nada demais, tchauzinho. Entrei no carro e parti, mas notei que ainda havia surpresa em sua expressão.

Enquanto fazia o balão para pegar o caminho de casa, pensei comigo "Deus sempre nos coloca no lugar certo e na hora certa. Sempre, independente do que a gente pense. Nem que seja só pra ajudar alguém."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vinicius, Vinicius...

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República [Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Qu tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da [aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai-e dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem [saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de [coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima [penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca [inferior
A 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras
Do 1° grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer [beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ele não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

(Vinicius de Moraes)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ilusión

Estou apaixonada por essa música. Como eu ainda não descobri como colocar vídeos do youtube aqui, segue o link para que a ouçam ! Que a gente se permita viver nossas ilusões, nossos sonhos! Que nos deixemos ser muito felizes, infinitamente felizes! :)

http://www.youtube.com/watch?v=U-Wdz25APqY

Ilusión - Marisa Monte e Julieta Venega

Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella
no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver
Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Garoto enxaqueca

Parei o trabalho por mais ou menos uma hora e meia. Não dava mais, minha cabeça doía muito! Antes de sair para dar uma volta passei por um blog indicado num blog (típico caso do "cachorro do amigo do vizinho do meu primo de terceiro grau) e lá dizia que era muito interessante escrever estando no trabalho, num desse momentos de tédio com T bem grande pra você.

No meu caso não era bem tédio, mas uma dor lacerante que não permitia que eu me concentrasse em nada muito sério. A vontade de verdade era de tirar os sapatos, fechar as persianas da janela da sala, sentar no chão, fechar os olhos e tentar aquela tal de meditação po 5 ou 6 minutos. Ah, que sonho! De qualquer forma, resolvi tentar a indicação "escrever no trabalho".

Tenho tido uma dificuldade enorme de trabalhar por nove horas seguidas. Há momentos em que preciso parar, fazer algo que não exija muito do meu cerébro. Talvez esteja precisando de férias. Em seguida penso que eu estou meio de saco cheio de ser gente grande. Essa coisa de TER que trabalhar, as tais contas pra pagar, os boletos, as parcelas, a falta de tempo de dar uma escapulida pra praia por 3 ou 4 dias.

Sinto falta de estar perto da natureza, sentir o frescor de uma brisa perto d´água. Areia ou lama nos pés, andar descalço, sentir água gelada. Ah, que saudade! Saudade de não ter correria, não acordar sempre com despertador, com horário para estar em um lugar. Saudade do tempo em que havia tempo. Tempo pra fazer um monte de coisas e tempo pra fazer nada. Sair da aula na faculdade e ir tomar sorvete até dar o horário de entrar no estágio. Não é assim uma vontade de ser "a toa", mas de ter momentos.

Hum... Vou verificar a possibilidade de uma cachoeira no fim de semana. Não é bem uma praia, mas quebra um galho até as férias (no ano que vem!!).